Xadrez na Escola


Cadernos, livros e xadrez

Professores de escolas públicas utilizam as técnicas do xadrez com sucesso
entre alunos das mais variadas faixas etárias

Por Rosane Storto

Hora da aula de Educação Física na Escola Municipal de Ensino Fundamental “Francisco Mendes Filho – Chico Mendes”, em Itaquera, São Paulo. Os alunos trocam os shorts e camisetas por fantasias verde-e-amarelas com figuras na cabeça e vão para a quadra. Ao invés da tradicional aula de Educação Física, participam de uma animada e diferente partida de xadrez.

Chamado de Xadrez Humano Ecológico, o projeto foi idealizado e executado pela professora de Educação Física Silvia Cristina de Mello, no ano 2000. Cada peça do jogo de xadrez, como rei, rainha, bispo, cavalo e peões, são substituídos por personagens que têm uma história em comum com o meio ambiente. Por exemplo, a figura do rei é representada por Chico Mendes, a da rainha, pela Mãe Natureza, a do bispo da rainha, pela Educadora, e o bispo do rei, por São Francisco de Assis.

A experiência da Escola Chico Mendes inova ao transformar os alunos em peças do jogo, mas o xadrez de mesa já está presente em muitas escolas e deve se espalhar ainda mais pelo Brasil. Em julho do ano passado, os ministérios da Educação e dos Esportes começaram a trabalhar na implantação de um projeto-piloto de Xadrez nas Escolas em cinco capitais brasileiras. Coordenado pelo enxadrista e campeão brasileiro Jaime Sunye, o projeto já atinge quatro capitais: Recife, Teresina, Rio Branco e Campo Grande.

Estados e municípios do país já possuem experiências bem-sucedidas com o jogo na escola antes mesmo do projeto federal. O Paraná acumula mais de 23 anos de uso de uma metodologia aplicada em 800 escolas estaduais, que foi coordenado por Sunye e serviu de exemplo para o projeto nacional.

De acordo com Sunye, o MEC tem como proposta priorizar a retirada das crianças da rua. “O projeto acontece no contra-turno, ou seja, fora do horário escolar, fazendo com que as crianças continuem na escola mesmo depois das aulas. Queremos ocupar o tempo ócio das crianças, levando-as para a escola para praticar uma atividade mais atrativa e esportiva”, observa.

Em 2003, o projeto foi aplicado em fase experimental em 200 escolas de cinco capitais, mas, a partir deste ano, a idéia é expandi-lo a 4.000 escolas. “Queremos, com esse projeto, acabar com o estereótipo de que o xadrez é para pessoas superinteligentes e sensibilizar os professores dos benefícios que o esporte oferece”, explica Sunye.

Assim como os municípios paranaenses, cidades como Pacatuba, no Ceará, São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais, além de São Paulo, também já têm projetos que envolvem o esporte em escolas municipais. Cada uma dessas cidades desenvolveu sua própria metodologia de trabalho, misturando reis, peões e bispos aos cadernos e livros, num aprendizado diferenciado e bem divertido.

Tem gente na jogada

Na escola municipal de São Paulo, a professora Silvia Cristina de Mello explica que o Xadrez Humano Ecológico é jogado de duas formas: a tradicional ou a planejada. Na primeira, os jogadores são divididos em equipes e planejam as jogadas em conjunto. Segundo Silvia, já aconteceu de uma jogada levar mais de uma hora para ser concluída. Já as jogadas planejadas são mais rápidas, e as estratégias são retiradas de livros sobre o jogo.

“O Xadrez Humano Ecológico é como o tradicional, com a diferença de que cada peça tem um símbolo, um personagem e no final os dois adversários ganham, com o aprendizado sobre a ecologia e seus personagens”, explica Silvia.

A idéia de criar o jogo era aproveitar melhor o tempo da aula de Educação Física em dias de chuva. “Quando chovia, ficávamos sem atividades, por isso resolvi começar um trabalho com o xadrez. Iniciamos com o tradicional, com o tabuleiro e as peças e depois começamos a trabalhar os temas transversais utilizando o xadrez. Os alunos gostaram tanto que resolvi criar o xadrez ecológico com peças feitas de garrafas PET, e em seguida o jogo humano”, conta a professora.

Com esse projeto, a professora de Educação Física trabalha em conjunto com outras disciplinas curriculares. Por exemplo, para trabalhar com os peões, os alunos pesquisam sobre a vida dos personagens escolhidos, entrando algumas vezes em História. As pesquisas na Internet algumas vezes trazem resultados em inglês.

Segundo ela, muitos pais colaboraram na confecção dos tabuleiros e até mesmo das primeiras fantasias. Hoje, as fantasias usadas pelas crianças foram doadas pelo Sesc, após uma apresentação da escola no local.

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

Uma pirueta, duas piruetas: uma seqüência para crianças pequenas


Uma pirueta, duas piruetas: uma seqüência para crianças pequenas

O circo é sinônimo de diversão, habilidade, magia, e é parte significativa de nossa cultura. Por isso, foi o tema escolhido para trabalhar a diversidade motora de crianças de três centros de educação infantil da capital paulista

Por Ana Lúcia Antunes Bresciane
Formadora do Instituto Avisa Lá e professora de apoio em três centros de Educação Infantil

Fiz um primeiro encontro para identificar quais seriam as principais necessidades dos grupos, conhecer as crianças e as expectativas das educadoras. Notei características bem semelhantes entre eles, embora houvesse alguma diferença de faixa etária. Sem fugir à regra das crianças nessa idade, encontrei grupos “elétricos”, como disseram suas educadoras, que “gostam de andar e falar”, “adoram se mexer de um lado para outro, subir na mesa e correr pela sala”. Porém, nenhuma das educadoras tinha em mente realizar um trabalho específico com movimento naquele semestre, não havia nada planejado nessa área.

Conversando sobre minha idéia de desenvolver com as crianças uma seqüência de movimentos, as educadoras aprovaram a sugestão. Planejamos então uma seqüência de atividades com as crianças. O principal objetivo era que elas conhecessem suas possibilidades corporais e descobrissem novas formas de se movimentar e de se expressar. Para garantir motivação e interesse ao longo de todo o semestre, a proposta foi criar brincadeiras e atividades que tivessem como contexto o circo.

A criança e o movimento

“No corpo se operam sempre nossas transformações. Ele é o nosso primeiro instrumento – a consciência de seu volume, de sua mobilidade, de sua flexibilidade e dinâmica, ajuda o homem a se adaptar à diversidade de situações com que se depara. O corpo também é o nosso primeiro limite, e nos ensina o senso primário de organização e desorganização.”Inês Bogéa – Crítica de dança, professora universitária e bailarina.

Desde que a criança nasce seus movimentos medeiam sua relação com as pessoas próximas. Expressam disposições orgânicas e estados de bem ou mal-estar afetivo: abrem e fecham os olhos, abrem a boca, sugam os lábios, se contorcem, agitam pernas e braços, etc. Tão logo acontecem, os movimentos do bebê são interpretados pelos adultos de acordo com os significados que atri­buem a eles. Rapidamente é estabelecida uma relação afetiva entre o bebê e o adulto cuidador, por meio de um diálogo baseado em componentes corporais e expressivos. Desta forma, os movimentos deixam de ser pura descarga impulsiva para tornar-se em expressão, linguagem, que o ser humano vai utilizar pelo resto da vida para se comunicar, para se divertir e solucionar problemas.

O movimento é uma linguagem tão importante quanto qualquer outra, pois, além de ser chave para o desenvolvimento físico e motor e para a manutenção da saúde, favorece a interação das crianças com o meio físico e social, promove novas descobertas em relação ao seu próprio corpo, suas necessidades, capacidades e limites, em relação aos outros e à construção de conhecimentos. É, assim, fundamental para a construção da identidade e autonomia nos primeiros anos de vida.

Por que o circo?

Os primeiros sinais da arte circense estão gravados nas pirâmides do Egito, com desenhos de domadores, equilibristas, malabaristas e contorcionistas. Esse tipo de atividade sempre atraiu o ser humano, pelo grau de desafio e por sua beleza plástica. Mas parece que o circo, como conhecemos hoje, só foi surgir na Europa na época do Império Romano. Foi então se diversificando em diferentes atividades e enriquecendo suas apresentações.

Alguns desses artistas vieram para o Brasil e montaram as suas próprias companhias. Hoje há escolas e trupes com espetáculos bem diferentes dos tradicionais. Mesmo sob novas roupagens, o circo continua encantando pessoas, pois é sinônimo de beleza, alegria e brincadeira, diversão, mágica. Envolve inúmeras possibilidades de “ser” humano, enriquecendo a imaginação, alimentando a alma. O circo é um contexto perfeito para se desenvolver um trabalho interessante com crianças pequenas, pois permite trabalhar a diversidade motora, muito importante na Educação Infantil.

O circo e os palhaços

Iniciei o trabalho propondo atividades que descontraíssem as crianças e criassem um ambiente favorável ao desenvolvimento dos vínculos afetivos nos grupos. Com a intenção de conhecer o que as crianças já sabiam sobre o universo circense e incitá-las a brincar com as diversas possibilidades de expressão facial, em uma das idas na creche, coloquei um nariz de palhaço e convidei a todos para uma roda de conversa.

As crianças acharam engraçado, deram risadas, algumas só olhavam para mim, outras comentaram sobre o nariz e fizeram referências aos palhaços. Mostrei muitas imagens de palhaços com expressões diversas e de circo. Todas as crianças conheciam bem a imagem do palhaço, mas quase nenhuma havia ido a um circo ou sabia o que era. Senti então que seria necessário ampliar seu repertório para darmos continuidade ao trabalho.

Por fim, convidei todos a se maquiarem como palhaços e fizemos uma brincadeira de caretas em frente ao espelho. Nesta etapa, crianças e professoras se divertiram muito, ampliaram seu repertório de expressões faciais e aprenderam a se comunicar por meio de caretas. Cada grupo ainda elaborou um pequeno “livro de caretas”, contendo fotos das crianças em diversas expressões.

Conhecendo mais sobre o circo

Criamos uma caixa “mágica”, dentro da qual morava um palhaço que em cada encontro escolhia uma surpresa para levar para as crianças. Em cada creche escolhemos um nome diferente para o palhaço, que passou a se chamar Ué, Tic-Tac, ou João Palhaço. No primeiro dia de visita do palhaço nas creches, “ele” levou uma fita de vídeo. Era de um filme muito antigo: O Maior Espetáculo da Terra, que tem cenas muito bonitas e divertidas.

Passei alguns trechos, de modo que as crianças pudessem ter um primeiro contato com todos os principais personagens do circo e encantar-se com seus movimentos. A proposta de assistir a trechos do filme com as crianças foi mais interessante do que eu esperava. Por ser um filme muito antigo, com outra estética, imaginei que fossem desinteressar-se rapidamente. Mas não, ficaram encantadas com as imagens, atentas o tempo todo, participando e comentando sobre o que viam.

“Olha o palhaço!”
“A moça tá pulando.”
“Ela vai cair, ela vai cair!”
“Que maluca!”

Impressiona ver como esse universo atrai e encanta as pessoas de todas as idades e de todos os tempos. As professoras também se envolveram. Outro aspecto que me surpreen­deu é que os pequenos já tinham noção do que representavam aqueles movimentos. De fato, não é normal ver alguém dando piruetas no ar. Pensei que, por serem tão pequenos, não tivessem a dimensão dos desafios a que esses artistas se submetem. Mas sim, eles têm noção.

Ficaram maravilhados e aflitos ao mesmo tempo. Perguntaram insistentemente se a trapezista não ia cair. Não queriam parar de assistir. Perguntavam tudo, quem era quem, o que estavam fazendo. Quando alguém gostava de alguma cena, apontava a TV e chamava a atenção das outras crianças para olharem também. Então, fomos ao pátio, onde eu havia organizado um pequeno “picadeiro” com cordas, caixotes, bambolês e colchões para que as crianças brincassem à vontade e imitassem os movimentos vistos no filme. Coloquei uma trilha sonora: o CD Circo, organizado pelos Parlapatões. Outra surpresa do palhaço da caixa.

Observei, tanto no Centro de Educação Infantil (CEI) São Norberto, quanto no CEI Ana de Fátima, que, embora as crianças tenham gostado muito de se movimentar e tenham tido interesse total em participar e aproveitar de tudo o que lhes foi oferecido, estavam tímidas em relação às suas habilidades motoras. Tinham medo de alguns movimentos, principalmente os que envolviam pular e se pendurar. Precisavam ainda conquistar mais autonomia para se divertirem sozinhos ou com seus colegas. Dediquei as primeiras reuniões com as educadoras basicamente à leitura e reflexão da seqüência. Discutimos cada etapa como uma forma de organização didática composta de atividades com propósitos e graus de desafios diversos, tendo como foco principal o trabalho com o movimento.

Brincando de acrobata

Num outro dia levei para as creches um palhaço feito de fuxicos, bem maleável, e imagens de acrobatas e contorcionistas. Depois de observar as imagens, imitei os movimentos vistos com o boneco. As crianças ficaram muito atentas e quiseram brincar com o palhacinho também. Eu havia combinado com as professoras que elas fariam bonecos de pano para que as crianças brincassem movimentando-os, construindo assim mais noções sobre o corpo humano e sobre suas possibilidades de movimento. Era importante que os bonecos tivessem dimensões próximas às do corpo humano real e que ficassem firmes, porém flexíveis, permitindo uma grande variedade de movimentos. Todas construíram os bonecos, e as crianças brincaram e se divertiram bastante com eles.

No pátio, brincamos de fazer acrobacias usando bolas grandes de circo e colchonetes. As crianças puderam experimentar movimentos de equilíbrio sobre a bola e de contorção sobre o próprio corpo, o que lhes dá possibilidades de ampliação da consciência corporal. Na quinzena seguinte as professoras realizaram outras propostas nas quais as crianças puderam enfrentar novos desafios e desenvolver outras habilidades, como utilizar diferentes formas de apoiar–se sobre quatro apoios, de cabeça para baixo – e de equilibrar–se sobre um só pé, andando sobre uma superfície estreita.

Registro de Áurea

Logo que fiz o planejamento, vi os materiais necessários para esta atividade de acrobacias. Na roda, retomamos a conversa sobre os personagens do circo, focalizando as figuras dos acrobatas através do painel de imagens confeccionado com as crianças.

Após a conversa, fizemos alguns combinados a respeito das regras das brincadeiras e apresentei os materiais que iríamos utilizar. Após a apresentação, organizei os materiais deixando as caixas e bambolês enfileirados e fiz uma demonstração prévia para as crianças de como os materiais poderiam ser utilizados.

Durante a atividade, observei que algumas crianças utilizaram os impulsos e pulavam com os dois pés, mas ainda não estavam totalmente seguras, principalmente a Thais, o Leonardo e o Robson. As demais crianças necessitavam de ajuda para passar em cima da caixa e, quando pulavam, observei que ficavam tensas, e saiam correndo levando os bambolês nos pés.

Conforme notamos na atividade anterior, precisamos oferecer percursos menores e com menos desafios devido à faixa etária das crianças e ao pouco contato que elas têm com estes materiais. Com isso, senti a necessidade de replanejar a atividade, podendo assim facilitar e auxiliar as crianças que sentiram dificuldades na atividade de percurso.

Áurea Maria Gonçalves – educadora do CEI Ana de Fátima

Dançando com as bailarinas

Como os filmes de vídeo envolviam muito as crianças e traziam uma dimensão mais real dos movimentos, levei trechos do filme Sapatinhos Vermelhos, com cenas de balé. Depois de assistirem ao filme as crianças foram convidadas para a brincadeira Seu Mestre Mandou, na qual deviam imitar os movimentos das bailarinas.

Porém, mais interessante que a brincadeira de imitação foi a proposta de dançar vários ritmos: clássico, rock, baião, etc, em que todos imitavam os movimentos de todos. No CEI Cantinho da Criança incluí na atividade um pano bem grande, com o qual foi possível realizar vários movimentos bonitos e interessantes em grupo, como uma cobra gigante.

Ficou evidente a preferência das crianças pelas atividades em grupo na hora de dançar. Por isso, sugeri às professoras que, nas outras atividades planejadas para esta etapa, abusassem das brincadeiras de roda, que oferecessem desafios em relação aos movimentos corporais. Deixei com elas o CD-Rom Pandalelê.

Brincando de malabarista e equilibrista

Os vídeos do Cirque du Soleil, que mostrei em outra ocasião, deram uma boa referência do que é um circo e ainda alimentaram o repertório de movimentos.

Como escreveu Isabel Filgueiras em um artigo na Revista Avisa Lá (edição nº 11, julho/2002), mais importante que buscar o jeito certo de arremessar uma bola no jogo, de derrubar latas, por exemplo, é estimular a criança a resolver este desafio de diferentes maneiras, de diferentes distâncias, com diferentes tipos de bola.

Essas ações colaboram para o desenvolvimento de um repertório motor que permite à criança escolher as respostas para os diferentes desafios, buscando soluções alternativas e criativas para os mesmos problemas. Baseada nisso, convidei as crianças para explorarem possibilidades de lançamento com bolinhas de tamanhos e pesos diversos. Lançar forte, fraco, longe, perto, alto, dentro da boca do palhaço, através de bambolês, sobre um pano grande esticado, etc. Todos envolveram-se e esforçaram-se para alcançar seus objetivos e, ao final do dia, já eram observáveis os avanços de algumas crianças.

As professoras confeccionaram outros instrumentos para o trapézio, como argolas de conduítes encapados e garrafas pet enfeitadas. Improvisaram materiais para brincar de equilibrista, como copinhos de iogurte coloridos e bandejas de isopor. Tudo muito bonito e mágico. Propuseram diversas atividades com desafios com qualidade e nível diferentes. As crianças desenvolveram muitas competências como mira, força e precisão para lançamento, equilíbrio e capacidade de agarrar objetos no ar.

Registro de Áurea

Como o dia estava chuvoso, fizemos uma alteração no planejamento, transferindo a atividade de segunda-feira para sexta-feira. Como o planejamento do uso do pé-de-lata estava preparado, e eu já havia confeccionado três pares de pés-de-lata, propus desenvolver esta atividade no espaço interno da creche.

Planejei com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento do equilíbrio. Então, trouxe para a roda os pés-de-lata e perguntei se conheciam o brinquedo. Fiz uma demonstração de como equilibrar-se em cima do brinquedo. As crianças mostraram interesse, curiosidade, e quiseram brincar também. Ao observar a brincadeira, notei que algumas crianças conseguiam equilibrar-se somente com ajuda do educador.

Leonardo conseguiu dar alguns passos sozinho. Esta atividade durou aproximadamente uma hora e eu não conseguia interromper, pois as crianças não abandonavam o brinquedo.

Áurea Maria Gonçalves – educadora do CEI Ana de Fátima


Brincando de trapezista

Na caixa-surpresa, levei um boneco trapezista para conversar com as crianças sobre seus movimentos. Ninguém conhecia aquele brinquedo. Ficaram muito curiosas para brincar e entender como o boneco balançava e virava cambalhotas sozinho no ar.

Depois de brincar com o trapezista de madeira, conhecer o nome e alguns possíveis movimentos do boneco, foi o momento de assistir a mais um trecho do Cirque du Soleil. Dessa vez, as crianças não ficaram tão assustadas achando que os trapezistas iriam cair como da primeira vez em que viram o vídeo. Como nos demais encontros, organizei no pátio um cenário de verdade, com brinquedos para as crianças se divertirem e se movimentarem.

Para que algumas se aventurassem no trapézio foi preciso coragem e ajuda. Para outras, a mãozinha de um amigo já foi suficiente. Mas sempre há aqueles destemidos, que na primeira chance já se viravam de cabeça para baixo. Para que desenvolvam suas capacidades motoras, é essencial que as crianças experimentem diversos movimentos, mesmo envolvendo um desafio maior. O desafio é necessário para que haja aprendizagem. Por isso, é imprescindível o educador constatar se o ambiente está preparado e se os materiais utilizados nas atividades são seguros o suficiente para garantir que a criança possa arriscar-se sem correr perigo.

As educadoras deram continuidade às atividades, repetiram o mesmo formato várias vezes, pois, assim como a diversidade, a constância é indispensável para que a criança estabilize suas novas aprendizagens e possa superar desafios.

Como os bichos do circo

Iniciei o dia lendo a história Cliford no Circo, que teve a função de disparar a conversa sobre os animais no circo. Além da história, levei várias imagens para observar com as crianças, que conversavam entre si sobre o que viam.

“Olha o cavalo!”
“Não é cavalo! É elefante!”
“Esse gato é feio, né?”
“Não acho ele feio. Ele tem cara de bravo.”
“O nome desse bicho é tigre.”
“É o tigre. O tigre é bravo, né?!”

Propus que cada uma se maquiasse como um animal de sua escolha e criamos no pátio uma brincadeira de faz–de–con­ta, na qual as crianças eram os animais e eu, a domadora. Os “bichos” ainda brincaram de corrida e de pega-pega, usando os apoios como os animais.

Avaliação

O aspecto mais importante da seqüência é o da continuidade, de como o professor vai propondo os novos desafios para as crianças. Foi muito marcante neste trabalho a constatação, por parte de todas nós, educadoras, de como os elementos lúdicos são fundamentais para que as crianças participem ativamente das propostas.

Desta maneira, a cada início de uma nova etapa, verificávamos o nível de desenvolvimento das crianças naquele determinado aspecto que gostaríamos de trabalhar mais profundamente e nos esforçávamos em planejar brincadeiras para desafiar as crianças, dando sentido para as atividades motoras sugeridas.

Nesta seqüência as crianças puderam aprender muitas coisas sobre seu próprio corpo, ampliaram sua consciência sobre ele e sobre os movimentos que podem realizar. Tornaram-se assim mais autônomas e independentes para se divertirem. Descortinaram um novo e mágico universo, o circo, com o qual poderão continuar se encantando, se divertindo por toda a vida.

 

Registro de Áurea

A partir do segundo semestre, comecei a desenvolver no mini­grupo um trabalho de seqüência de movimentos. No início de agosto, tendo como tema o circo, foram planejadas várias atividades de acordo com os personagens e suas profissões: palhaço, acrobatas, equilibristas, etc. Este tema, além de ter promovido desafios, trouxe atividades de movimentos que contribuíram para que as crianças desenvolvessem sua autonomia de forma lúdica e prazerosa e se apropriassem da cultura circense.

Nas primeiras atividades fiquei um pouco insegura e com medo. Um certo receio de enfrentar o novo. Percebi, com o decorrer das atividades, que minhas inseguranças foram diminuindo, e as crianças também se envolviam melhor nas atividades propostas, adquirindo mais confiança nos movimentos sugeridos a elas. Essa segurança só foi possível quando sentiram em mim um apoio.

Nas rodas de conversa, as crianças tornaram-se mais participativas, pois tinham assuntos diversos para falar, em especial sobre o circo e seus personagens. A cada dia me surpreendiam com seus interesses, iniciativas e comentários a respeito do mundo circense.

No final do semestre, percebi, por meio das devolutivas que Ana Lúcia fazia em meu diário, que precisava rever alguns aspectos. Um deles foi que cada criança tem seu movimento próprio e cabe a nós, educadores, respeitá-las em suas individualidades, e não achar que devem imitar os movimentos que o educador faz.

Uma dificuldade encontrada foi a falta de alguns materiais necessários e a organização do espaço para desenvolver as atividades, pois nestes momentos é sempre importante a ajuda do educador de apoio ou uma educadora volante. Infelizmente, nem sempre isto é possível, o que dificultava o desenrolar das atividades, uma vez que eu tinha que cuidar das crianças e organizar o espaço. Sendo esta organização feita na presença das crianças, isso tirava um pouco a surpresa e o entusiasmo das mesmas.

Mas apesar das dificuldades e inseguranças, posso dizer que este trabalho de seqüência sobre o circo trouxe para minha prática como educadora e para meu processo de formação um enriquecimento muito grande.

Áurea Maria Gonçalves – educadora do CEI Ana de Fátima

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(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

Segundo programa da TV web foca a essência da cultura digital

Segundo programa da TV Web foca a essência da cultura digital

Após a estreia com ativa participação dos internautas que acompanhavam a transmissão streaming ao vivo, o programa Educar na Cultura Digital volta à TV Web na próxima quarta-feira, dia 06/10, às 16h. Desta vez, o tema a ser discutido é “Cultura Digital: O que é? Como surgiu?”

Nesta segunda edição do programa, uma realização do Grupo de Estudos Online Educar na Cultura Digital, a proposta é explorar os conceitos e a abrangência da cultura digital. Os convidados a falar sobre o assunto são o jornalista Rodrigo Savazoni, membro da coordenação-executiva do Fórum da Cultura Digital Brasileira, e a historiadora Camila Duprat, superintendente do Instituto Sergio Motta.

Ao longo de uma hora, Savazoni e Duprat conversarão com Priscila Gonsales, mediadora pedagógica do Grupo de Estudos Online, e responderão a perguntas enviadas durante o programa pelos internautas que estiverem no chat e no Twitter, acompanhando os perfis @educaredebrasil e @educultdigital.

Na cultura digital, o cidadão é, ao mesmo tempo, produtor e receptor de conteúdos, o que altera a concepção de comunicação unilateral. Além disso, o compartilhamento é considerado ponto-chave para a ampliação do conhecimento e da democratização cultural. Porém, esse compartilhamento esbarra ainda em questões de direitos autorais e levanta amplas discussões.

No território da arte digital, pelo qual Camila Duprat caminha há alguns anos – após exercer os cargos de diretora do Museu de Arte Moderna SP (90/92) e diretora da Divisão de Artes Plásticas do Centro Cultural São Paulo (1993/2000), foi coordenadora de produção do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (2001/2004) – os debates também são muitos. O Instituto Sérgio Motta, por exemplo, é um centro de pesquisas e debates que busca efetivar ações que unem tecnologias de telecomunicação aos setores cultural e social de forma inovadora.

Todos esses assuntos, de extrema relevância para a educação inserida na cultura digital, estarão em debate neste programa, o segundo de uma série que segue até dezembro. O primeiro programa Educar na Cultura Digital está disponível na web e pode ser acessado gratuitamente na home do hotsite do Grupo de Estudos. No vídeo, as mediadoras do Grupo de Estudos Online – Priscila Gonsales, Mílada Gonçalves e Sônia Bertocchi – explicam a metodologia, os espaços temáticos e os espaços de interação, as atividades e demais recursos do ambiente.

O Grupo de Estudos

Atualmente o Grupo já conta com mais de 1500 participantes de todas as regiões do Brasil. Em um ambiente subdividido em cinco temas (O Mundo Digital, Geração Interativa, Aprendizagem na Cultura Digital, Inovação Pedagógica e Avaliação em TIC), os participantes podem colaborar em discussões nos fóruns e criar seus próprios tópicos.

Não é exigido dos participantes nenhuma experiência pedagógica prévia em ambientes virtuais. A ideia é que profissionais em diversos níveis de apropriação da cultura digital interajam, troquem informações, experiências e consigam levar à prática do dia a dia o que aprendem no Grupo. As inscrições são gratuitas.

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

 

Reciclagem ainda é pouco

Reciclar é preciso;
só reciclar não é preciso

A abordagem do problema do lixo nas escolas deve ir muito além da preocupação com a destinação final dos materias, o enfoque está na importância do consumo consciente

Por Flávia Celidônio*

Falar em reciclagem de lixo virou moda nas escolas. Quase sempre há um “projeto” sobre o tema, no qual se arrecadam latinhas de alumínio com o objetivo de vendê-las ou trocá-las por materiais úteis, envolvendo competições entre as classes. Mas as conseqüências que tal atividade pode trazer, como estimular o aumento do consumo, estão sendo consideradas?

Em outros casos, até bem intencionados, coloca-se recipientes coloridos para cada tipo de resíduo e pede-se a todos que colaborem. Só que muitas vezes ninguém pensa no principal: para onde vão esses materiais recicláveis? Não é raro flagrar caminhões de coleta da prefeitura despejando o conteúdo dos diversos latões num emaranhado só.

Segundo resultados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE apenas 6,4% das cidades brasileiras reaproveitam os resíduos e a coleta seletiva é realizada oficialmente por 8,2% delas.

Que o lixo tem se tornado um problema ambiental cada vez mais grave, conseqüência do crescimento populacional, não é novidade. Por ser basicamente sólido, ocupa espaço e demora para se decompor. Contém componentes químicos que, além de interferir negativamente no equilíbrio do ecossistema, provocam sérios problemas de saúde. Agora, o ponto pouco conhecido é que a questão do lixo vai além da reciclagem. “É preciso entender a importância de se produzir menos resíduo”, alerta a educadora ambiental Minka Bojadsen, diretora da organização não-governamental Instituto 5 Elementos.

Consumo consciente

Talvez a ênfase esteja no primeiro “R” do trio “Reduzir, Reutilizar e Reciclar”. Trata-se da prática do consumo consciente, ou seja, uma análise criteriosa a ser feita no ato da compra. A teoria é simples: consumindo menos, produz-se menos lixo. Difícil mesmo é a aplicar no dia-a-dia.

Hoje já existem entidades que elevam o ato de consumir à categoria de ação de cidadania, à medida que o indivíduo considera o impacto da sua aquisição – e do uso que faz de produtos e serviços – sobre a sociedade e o meio ambiente.

Produtos recicláveis

Alumínio: latas de bebidas e embalagens em geral

Metal: latas de alimentos

Papel: caixas, cartazes, folhas de caderno, embalagem longa vida, jornais, revistas, papel de fax

Plástico: garrafas de refrigerantes, frascos de amaciantes, baldes, copos descartáveis, potes para iogurte, embalagens de massa e biscoito, copos de água mineral

Vidro: garrafas de bebidas, frascos de cosméticos, potes de conservas

Uma delas é o Instituto Akatu, organização não governamental, criada em 15 de março de 2001 (Dia Mundial do Consumidor). Um levantamento realizado por ela mostrou que a própria juventude acha que compra demais. Cerca de 50% dos entrevistados disseram que pessoas da sua idade consomem excessivamente.

Délcio Rodrigues, coordenador geral do Akatu, revelou que o Instituto está organizando uma campanha com as escolas interessadas no tema, pois já percebeu que há muita gente empenhada em não só discutir o lixo, mas também em produzi-lo em menor quantidade. “Unir estes dois assuntos em um projeto pedagógico é colaborar para a formação de uma sociedade mais consciente, que preserva a natureza com hábitos mais saudáveis”, sugere.

Na escola

A educadora Minka Bojadsen faz questão de alertar que, ao contrário do que muita gente acha, implantar a coleta seletiva de lixo na escola não é tarefa simples. “Um projeto eficaz deve envolver toda a comunidade escolar. Não apenas os alunos, mas também funcionários, professores e pais”, explica a educadora. A estratégia é dar exemplos concretos. Promover uma sessão de leitura de jornais para conhecer as atualidades sobre o tema, visitar um aterro sanitário ou mesmo “apreciar” imagens dos bueiros entupidos nas ruas são bastante impactantes para sensibilizar adultos e crianças. “A ação tem que ser conseqüência da compreensão”, ensina.

A coordenadora de Educação Ambiental do Ministério da Educação, Lucila Pinsard Vianna, concorda. Ela acredita que a manutenção das atividades envolvendo o lixo ainda é um desafio porque o projeto deve ser fruto de uma reflexão da escola e de toda a comunidade. “Nada pode ser imposto. A professora que tem a idéia de trabalhar o tema não pode ser uma militante solitária. Quando todo corpo docente refletir e estiver consciente de que preservar o meio ambiente não é uma utopia, o projeto pode ser criado e mantido com mais facilidade”, sugere.

Percebendo as dificuldades das escolas em introduzir o tema no projeto pedagógico, o MEC lançou os Parâmetros Curriculares em Ação para Meio Ambiente. O objetivo é estimular o professor a pensar em conjunto com os seus colegas e encontrar caminhos para envolver os alunos e a comunidade. Por meio de propostas de atividades, o material mostra que as diversas disciplinas podem ajudar no entendimento do tema ambiental.

O MEC também desenvolve ações práticas como realização de oficinas com especialistas na área para discutir e avaliar o panorama da Educação Ambiental no Ensino Fundamental no Brasil, enfocando a capacitação de professores. Está previsto ainda um seminário nacional cujo objetivo é possibilitar a troca de experiências de professores, educadores e demais profissionais que desenvolvem projetos em Educação Ambiental no ensino formal.

A seção O Assunto É, do EducaRede, traz uma vasta discussão sobre o problema do lixo com sugestões de como abordá-lo na escola. É possível ainda consultar bibliografia especializada no tema e enviar dúvidas e colaborações.

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

Professor digital

 

 

Professor na Era Digital

 

Internautas do EducaRede expressam suas opiniões na Semana do Professor

 

O que pensam os professores sobre a sua profissão? E sobre a relação entre Educação e Tecnologia em uma sociedade cada vez mais marcada pelos avanços tecnológicos?

 

Como não dá pra saber o que pensam todos os educadores brasileiros, o EducaRede realizou um levantamento dos internautas que mais utilizam o Portal com seus alunos. E enviou a eles um questionário para que pudessem expressar suas idéias na semana do Dia do Professor.

 

Em comum, Luzenário, Helena e Denilson acreditam no uso pedagógico da Internet, e por essa razão valorizam a rede mundial de computadores em suas aulas. O EducaRede tem o prazer de fazer parte da vida deles diariamente (Denilson e Luzenário) ou semanalmente (Helena). “O EducaRede nos permite trocar experiências com outros colegas e discutir temas atuais; e isso contribui para a nossa formação”, afirma Luzenário. A formação continuada é uma das principais preocupações deste professor.

 

Confira um pouco do que pensam esses professores/internautas:

 

Luzenário Cruz é professor de Matemática do Ciclo II, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Dona Chiquinha Rodrigues, em São Paulo. E-mail: luzcruz@terra.com.br

 

Que dificuldades você enfrenta como professor?
Além das salariais (sem discussão) e das péssimas condições de trabalho (dentre elas, um número muito grande de alunos por sala de aula) há a falta de uma política de formação continuada, particularmente, aquela que tem como lócus privilegiado a própria escola.

 

Quais os benefícios de ser um professor?
São poucos e a cada administração eleita, tira-se um pouco mais. Entretanto, o maior benefício é a convivência com as novas gerações. É por isso que nós professores não envelhecemos.

 

Você recomendaria a sua profissão aos jovens que ainda não se decidiram? Por quê?
Após três décadas em sala de aula, confesso que cada dia fica mais difícil recomendar aos nossos jovens a nossa profissão. Tive por vários anos a honra de ministrar aulas para futuros professores, na antiga Habilitação Específica para o Magistério, e é com pesar que observo que poucas dessas ex-alunas abraçaram o Magistério como carreira. As novas gerações cresceram ouvindo as dificuldades e as mazelas dos ossos do nosso ofício e cada vez menos se interessam pela nossa profissão.

 

Você usa a Internet com seus alunos, em suas aulas? De que forma?
Sim, através de pesquisas ou da troca de mensagens. A última atividade realizada com os alunos foi uma pesquisa sobre Tales de Mitelo ( 1ª parte). Além da pesquisa, os alunos deveriam responder algumas questões e enviaram-me, através de e-mail, para correção.

 

Na sua opinião, o que a Internet pode representar para o ensino formal quando o seu uso pedagógico estiver mais difundido?
Uma verdadeira revolução. Entretanto, isso só será possível se os professores forem capacitados para trabalharem essas novas tecnologias de informação. Ademais, a relação aluno x professor será revista porque as novas gerações parecem ter pleno dominio dessas novas tecnologias. Confesso que, durante a minha experiência trabalhando com os alunos no Laboratório de Informática Educativa, tenho aprendido muito sobre informática com eles.

 

Que mensagem você gostaria de dar aos colegas no Dia dos Professores?
Professor, Professora: Ouse!!!!!!!!! Sua ousadia, faz toda diferença!!!!! Acredite nisso e esteja sempre atento às seguintes competências: gostar do que faz e cumprir seu dever; ter comprometimento, competência, responsabilidade, dedicação e empenho; aplicar novos métodos de ensino; ter criatividade; incentivar o aluno; mostrar a importância de sua matéria em relação às outras; saber o conteúdo; ter formação atualizada e boa didática; ajudar o aluno a desenvolver habilidades e preparar-se para o mercado; fazer orientação profissional.

 


 

Helena Damelio dá aulas de Informática na Educação para professores dos Ensinos Fundamental e Médio da rede estadual de São Paulo, dentro do programa Teia do Saber. E-mail: heldamelio@aol.com

Quais os benefícios de ser um professor?
Contribuir com o desenvolvimento do ser humano através do ensino é um privilégio.

 

Você recomendaria a sua profissão aos jovens que ainda não se decidiram? Por quê?
Sim. Atuo também em outras áreas, voltadas à tecnologia, mas ensinar me permite estar em situação constante de aprendizado e crescimento. Ensinar a aprender é gratificante e a área de ensino permite este investimento contínuo em aprendizado.

 

Você usa a Internet com seus alunos, em suas aulas? De que forma?
Estas aulas de informática acontecem em laboratório com acesso à Internet, com o uso de ferramentas de e-mail, chat, blog, e com navegação em sites e bibliotecas com conteúdo educacional.

 

Na sua opinião, o que a Internet pode representar para o ensino formal quando o seu uso pedagógico estiver mais difundido?
Trata-se de uma ferramenta de pesquisa, de comunicação sem fronteiras geográficas e de produção de conteúdo por professores e alunos. A seleção do bom conteúdo tem que ser levada a sério, pois, num mundo cada vez mais povoado de informações, a qualidade é cada vez mais importante. E é exatamente por isso que também acho necessário começar a educar os alunos para que produzam bom conteúdo que possa ser compartilhado em rede, com o uso de blogs, por exemplo. Mas a situação ainda é meio utópica. No projeto Teia do Saber, muitos dos professores relatam que não conseguem usar os computadores de suas escolas, que ficam trancados numa sala, ou quebram e seu reparo não é feito. Ou, mesmo quando são usados, nem todos os alunos podem participar, os computadores ficam restritos a alguns programas educacionais. Enfim, mesmo quando as escolas estão equipadas, sinto que falta melhor administração deste recurso para que professores e alunos se beneficiem dele.

 

Que mensagem você gostaria de dar aos colegas no Dia dos Professores?
Professores são figuras marcantes em nossas vidas. Muito do que sou hoje se deve a meus professores. Meu interesse pela pesquisa deve-se ao incentivo que tive deles ao longo da vida. Os professores a quem dou aula me ensinam muito também. A todos estes profissionais que passaram e passam pela minha vida, muito obrigada! E a todos nós, professores, muita luz nesta teia do saber.

 


 

Denilson Rodrigues de Oliveira é professor de Matemática em Camapuã, Mato Grosso do Sul. Atualmente, trabalha na sala de informática da Escola Estadual Miguel Sutil e da Escola Municipal Eurico Gaspar Dutra com alunos do Ensino Fundamental de 1ª a 8ª séries. E-mail: profdoti@uol.com.br

 

Quais os benefícios de ser um professor?
Ser reconhecido em todos os lugares como professor e ser ídolo de crianças que se espelham na gente para um futuro melhor.

Que dificuldades você enfrenta como professor?
A dificuldade de aprendizagem, a indisciplina e a falta de responsabilidade da família para com a criança.

 

Você recomendaria a sua profissão aos jovens que ainda não se decidiram? Por quê?
Sim, a profissão professor/educador é maravilhosa e há uma carência muito grande principalmente na área de Exatas. Espero que num futuro bem próximo sejamos mais valorizados.

 

Você usa a Internet com seus alunos, em suas aulas? De que forma?
Uso com jogos educativos para as séries iniciais do Ensino Fundamental (www.estadinho.com.br, www.monica.com.br, www.duende.com.br, www.meninomaluquinho.com.br), pesquisas (www.google.com.br) e bate-papos do EducaRede, jornais locais (www.correiodoestado.com.br) para uma leitura diária e revistas Veja, Isto É entre outras.

 

Na sua opinião, o que a Internet pode representar para o ensino formal quando o seu uso pedagógico estiver mais difundido?
Muita coisa. A Internet possui inúmeros recursos que podem ser explorados a qualquer momento, em qualquer série.

 

Que mensagem você gostaria de dar aos colegas no Dia dos Professores?
Caros colegas educadores, a nossa luta é contínua e árdua, mas fazemos parte da profissão mais importante do mundo. Um dia, seremos reconhecidos e valorizados como merecemos.

 
(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

Parque de diversão encadernado

12 de Outubro: Dia Nacional da Leitura


Parque de diversão encadernado

A leitura pode ser uma deliciosa brincadeira e levar crianças e adolescentes a universos muito distantes, sempre de mãos dadas com a imaginação. No próximo dia 12 de outubro, uma extensa programação por todo o país proporcionará essa divertida viagem literária

Por José Alves

Maurício de Souza, um dos expoentes das histórias em quadrinhos no Brasil, afirma que “um dos momentos inesquecíveis da vida de qualquer criança é quando, pela primeira vez, ela junta uma letrinha, mais outra e mais várias delas e começa a…ler!”. Até chegar esse instante mágico na vida de um ser humano, pais e educadores podem e devem estimular a imaginação dos pequenos ao contar histórias que eles ainda não conseguem ler sozinhos e, com esse hábito, oferecer um mundo repleto de personagens e cenários dos quais o olhar infantil se apropria com a inventividade peculiar das crianças. Sim, os livros são brinquedos que estimulam a curiosidade, criticidade e criatividade nos pequenos cidadãos. É por esse motivo, porque imaginar é brincar, que o dia 12 de outubro, data em que se comemora o Dia das Crianças, passou a ser também o Dia Nacional da Leitura.

A data tornou-se oficial em todo o país em 2009, a partir da assinatura da Lei nº 11.899, pelo presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, que instaurou, além do Dia Nacional da Leitura, também a Semana Nacional da Leitura e da Literatura. Para a sociedade brasileira chegar a essa importante conquista, um longo caminho foi percorrido. Desde 2006, o Instituto Ecofuturo, principal articulador desta iniciativa, vem escrevendo as páginas da história junto com diversos parceiros, por meio de ações que culminaram com a aprovação da lei.

Elas começaram em 2006, com a Primavera Ler é Preciso, para sensibilizar a sociedade sobre a importância de oferecer literatura para crianças desde a primeira infância, por meio de leitura de livros em voz alta. Em 2007 foi realizada a 2ª Primavera Ler é Preciso, com leituras públicas de clássicos da literatura universal durante o Corredor Literário, em São Paulo, em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Em 2008, o Dia da Leitura já se tornara lei no Estado de São Paulo. Agora, a iniciativa ganhou o Brasil.

Segundo Christine Fontelles, diretora de Cultura e Educação do Instituto Ecofuturo, “é fundamental destacar que a ideia vem ganhando força com o passar dos anos graças à ampla parceria entre diferentes atores e organizações sociais, entre eles, o Programa EducaRede”. Fontelles destaca também o apoio da Comissão de Educação do Senado e aponta o caminho para um Brasil formado por cidadãos leitores: “articulação e cooperação para conquistar uma política pública que integre as ações governamentais e não governamentais, objetivando a conquista de um programa de acesso à leitura que seja um objetivo de nação”. Esse será o tema do Seminário Dia e Semana Nacional da Leitura, nos dias 14 e 15 de outubro, na Comissão de Educação do Senado, em Brasília, aberto à participação de todos. (Veja a entrevista completa)

Dia Nacional da Leitura 2009: programação para todos os gostos

O público poderá participar de muitas ações neste ano, seja no ambiente presencial ou a distância. No mundo virtual, uma das possibilidades de interação e colaboração entre as pessoas é a Comunidade da Leitura, um espaço para troca de experiências e debates sobre o tema, hospedado no site do Dia Nacional da Leitura, que também apresenta outros canais, entre eles o Momento Família, para a publicação de fotos e relatos de bons momentos de leitura em família, e o Prefeito Amigo da Biblioteca, espaço para incentivar a criação e a manutenção de bibliotecas públicas, escolares e comunitárias nos municípios brasileiros.

O EducaRede escreve a quatro mãos, por meio de uma parceria com o Ecofuturo, a sua participação no evento, e já agendou três bate-papos sobre o tema. O primeiro será no dia13/10, terça, às 15h, com o escritor indígena Daniel Munduruku, com mais de 30 livros publicados, voltados principalmente para o público infanto-juvenil. Quarta-feira, dia 14/10, às 15h, é a vez dos internautas conversarem sobre leitura em voz alta com a fonoaudióloga Lucila Pastorello, da USP. Por fim, no dia 15/10, às 15h, o chat será com o ilustrador e autor de livros infantis Roger Mello.

Além das manifestações pela Internet, o público também está convidado a sair às ruas para celebrar o hábito da leitura. Eventos organizados pelo Instituto Ecofuturo e seus parceiros estão programados para acontecer simultaneamente em todo o país. A maioria deles acontece entre os dias 12 e 16 de outubro. Rodas de leitura em bibliotecas, dramatizações, teatro de fantoches, saraus, contadores de histórias, cinema e encontros com autores compõem o roteiro de atrações destinado a crianças, adolescentes e adultos das cinco regiões brasileiras. Confira a programação do Ecofuturo e a programação dos parceiros.

O Instituto Ecofuturo disponibiliza gratuitamente duas publicações com dicas de como fazer uma leitura pública na sua escola, em casa com a família, entre amigos, na biblioteca do seu bairro e onde mais você imaginar.

São os passaportes “Leitura e Escrita” e “Brincar de Ler”. No Passaporte Leitura e Escrita, você encontra tanto orientações para estimular a leitura quanto as práticas de escrita entre as crianças. Já o passaporte Brincar de Ler apresenta dicas voltadas principalmente para incentivar a família a promover práticas de leitura.

Além das publicações, o Ecofuturo elaborou o “Roteiro Leitura Pública”, com sugestões para organizar uma leitura pública, desde a escolha do local e preparação dos textos que serão lidos até a recepção do público. O EducaRede também diponibiliza produções que tratam do ensino da leitura. Clique aqui para baixar os materiais e acessar as produções do EducaRede.

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

 

Novidades do Portal Global EducaRede

Novidades do Portal Global EducaRede

Mudanças no Portal Global EducaRede, lançado em 26 de novembro, no V Congresso Internacional EducaRede, em Madri, começam a ser implantadas de forma paulatina

 

O processo de migração já começou a ser percebido desde o lançamento, quando alguns conteúdos do portal local de cada país somente puderam ser encontrados no novo Portal Global. Este processo deve tomar alguns meses, mas a expectativa é que até o meio do ano que vem, tudo esteja concluído. Assim, o usuário terá acesso a uma infinidade de recursos: comunidades virtuais, blogs, wikis, fóruns, notícias e projetos dos oito países iberoamericanos onde o EducaRede atua (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México, Peru e Venezuela).
Sempre lembrando que, no caso do Brasil, a URL não muda: o acesso ao Portal Global EducaRede continuará sendo o mesmo: (www.educarede.org.br).

A criação e o desenvolvimento da nova plataforma foi um processo que tomou aproximadamente dois anos, envolvendo estudos, testes e debates entre todos os países envolvidos.
O Portal Global EducaRede tem por base as seguintes diretrizes:

• Ser um bem público, mantendo a gratuidade de todos os serviços oferecidos;
• Priorizar ações e projetos com foco na inovação educativa, ou seja, a desejável contribuição das TIC para o processo de ensino e de aprendizagem;
• Tornar-se rede das redes, divulgando e disseminando boas iniciativas de outras instituições na área de educação e TIC;
• Desenvolver ações e projetos de orientação à pratica pedagógica, de forma a oferecer orientações ao cotidiano de professores, alunos e pais.
Mande suas dúvidas, sugestões ou comentários para o Fale Com EducaRede.

 

Sobre o EducaRede

 

O EducaRede é o principal programa de responsabilidade social do Grupo Telefônica na área de educação, presente em oito países em que a Fundação Telefônica atua – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México, Peru e Venezuela. À semelhança do Brasil, cada um dos países desenvolve uma série de ações e projetos que visam contribuir para a melhoria da qualidade da educação por meio do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação.

Criar e oferecer um portal educativo totalmente gratuito é fundamental para o Programa EducaRede existir nos vários países. Isso porque cada país disponibiliza conteúdos e desenvolve propostas pedagógicas em seus respectivos portais.

Com a unificação dos portais, será possível compartilhar experiências de forma muito mais próxima com os usuários de todos os países e encontrar muito mais conteúdos, ferramentas e serviços, acessíveis ao internauta de forma personalizada, segundo o próprio interesse.

O Portal Global EducaRede é um projeto surgido do nosso mais firme compromisso com a inovação e que, graças a uma profunda renovação tecnológica, vai nos converter em um portal muito mais moderno, no qual será possível encontrar mais vantagens e serviçosMarian Juste, gerente do EducaRede Espanha (na foto acima, primeira da esq. para dir.).
Todos os países já realizam projetos diretamente com professores, alunos, pais e comunidade escolar. Alguns, como o Brasil, também acumulam até mesmo experiências de intercâmbio. Propiciar a integração de todas essas iniciativas é um grande avanço e quem ganha com isso são os próprios usuáriosSergio Mindlin, diretor presidente da Fundação Telefônica no Brasil.

 

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

 

Jogo, logo aprendo

Jogo, logo aprendo
Jovens e especialistas afirmam que os jogos podem ser uma ótima ferramenta pedagógica, dentro ou fora das escolas
Por José Alves
“Pára já com essa brincadeira e vá estudar!”. Quando alunos, sempre ouvíamos essa frase, muitas vezes no ápice de nossa desejada diversão. Com uma certa dose de má vontade, recolhíamos os brinquedos e lá estávamos com os livros e cadernos à mão. Isso acontece há muito tempo, é verdade, mas ainda encontramos situações como essa nos dias de hoje porque, para muitas pessoas, vigora a idéia de que brincadeira e aprendizagem devem estar colocadas em posições antagônicas. As horas do dia devem ser divididas entre a diversão e o estudo. Mas será que a distância entre jogos, brincadeiras e educação é tão grande quanto se pensa, ou uma pessoa é capaz de aprender enquanto joga? Afinal, as brincadeiras podem ser educativas?

Conan* é mestre – definição para o jogador que comanda o RPG (Role Playing Game) por meio da elaboração de personagens, mundos e situações simuladas e interpretadas pelos jogadores que as criaram – e joga presencialmente com amigos. “Eu tenho que ler bastante para criar as narrativas dos jogos, e aí me baseio nos filmes que foram inspirados nos livros, como Nosferatu, Drácula, de Bram Stocker, Entrevista com o vampiro e, agora, a série O senhor dos anéis“. Na verdade, Conan* é um codinome inventado pelo adolescente que reafirma o potencial pedagógico da brincadeira: “A gente tem que ler muitos livros de História também. Eu amo mitologia grega. Li sobre Dante Alighieri para fazer um trabalho, acabei me interessando e, no jogo, eu acabei sendo Dante. Você pega uma história que gosta e depois representa. Colocamos no jogo pessoas de diferentes épocas”. O mestre teve que ler três livros para ser promovido a tal condição.

No mundo virtual, o RPG online “World of wacraft” tem cerca de 9 milhões de assinantes espalhados pelo mundo e foi alvo de um estudo em que pesquisadores colheram aleatoriamente no fórum de discussão oficial cerca de duas mil mensagens sobre diversos assuntos do jogo. Conclusão? Segundo Sean C. Duncan, da Universidade de Wisconsin (EUA), que liderou o estudo, “os jogadores estão discutindo abertamente suas estratégias e pensando, criando um ambiente em que a razão científica informal vai sendo desenvolvida enquanto você joga”. Ficou interessado em participar do jogo? Os pré-requisitos são a apropriação das regras do RPG, já que cada história tem os seus personagens e suas particularidades, e muita leitura para alimentar a imaginação, condição básica para a brincadeira.

Para Claudemir Viana, pesquisador e gestor administrativo do LAPIC (Laboratório de Pesquisas sobre Infância, Imaginário e Comunicação), “todos os jogos, eletrônicos ou não, são naturalmente educativos, tendo eles a intenção explícita ou não de sê-lo. Ao jogar, o estudante assimila ou reinventa as regras do jogo dentro da capacidade criativa e de raciocínio lógico que possui. Somente esse dado já evidencia um processo educacional”. Viana afirma que é função do educador explorar as potencialidades de qualquer jogo. Uma das formas é aproveitar o fascínio que os games exercem sobre as crianças e jovens para incorporá-los numa situação educacional. Qualquer jogo, mesmo que tenha o objetivo de puro entretenimento, poderá ser educativo se for tratado por esse viés. Um jogo que, a princípio, não foi estruturado para ser educativo, a partir da presença do mediador-professor, pode se tornar mais educativo do que um jogo criado com esses fins sem a presença do educador ao lado de quem joga. A diferença está na metodologia implantada no uso dos jogos e na mediação do educador. É como um professor que não sabe utilizar o computador para o uso pedagógico em sala de aula; os alunos não aprenderão, necessariamente, algo a mais somente pela presença da máquina.
Jogos eletrônicos e aprendizagem

Em tempos de tecnologia aflorada, Filomena Moita, professora e pesquisadora da Universidade Estadual da Paraíba, autora do livro Game on, jogos eletrônicos na escola e na vida da geração @, estudou o impacto dos jogos eletrônicos na educação e identificou algumas aprendizagens por meio da fala dos próprios jogadores, entrevistados em lan houses. Entre elas, “ganho de raciocínio lógico, agilidade de pensamento, maior atenção, reflexão, planejamento, organização, curiosidade, criatividade, compromisso e, finalmente, aprimoramento de conteúdos como inglês, literatura, história e geografia”. O discurso dos pesquisados revelou ainda “uma aprendizagem em rede, pluralista, diversa, harmônica, flexível e lúdica, em oposição ao modelo pedagógico escolar de ordenamento linear, seqüencial, mensurável, previsível e contínuo”. A pesquisadora concluiu que “os games são uma porta aberta para a integração dos jogadores às tecnologias, além de proporcionarem novos saberes, estruturados fora das escolas, em espaços como lan houses, por exemplo. O desafio que se coloca às escolas é vencer a tradição e caminhar para a aplicação das novas tecnologias e dos games, de modo a conciliá-los com os conteúdos escolares”.

O professor David Williamsom Shaffer, da Universidade de Wisconsin–Madison, nos Estados Unidos da América, considera essencial o uso dos jogos eletrônicos nas escolas como preparação das crianças para o mercado de trabalho. Para o pesquisador, elas devem ser capacitadas para sobreviver em um mundo em que a tecnologia é um requisito cotidiano e básico. Shaffer afirma que “as crianças deveriam receber a oportunidade de empregar sua capacidade inata de ouvir música ao mesmo tempo em que jogam videogames, assistem a vídeos, navegam pela Web ou trocam mensagens com amigos em computadores ou celulares, enquanto aprendem sobre biologia, história ou física”. O professor sustenta que o sistema educacional em uso, quando estruturado, foi pensado para preparar as pessoas para um cenário puramente industrial, e hoje a realidade é outra; um mundo imerso em tecnologia que exige o desenvolvimento de habilidades diversas e concomitantes.

Jogos eletrônicos x jogos tradicionais

Os games virtuais ganharam muito terreno, é verdade, mas as brincadeiras tradicionais ainda mantêm o seu espaço. Para Claudemir Viana, “a lógica dos jogos virtuais é a mesma das brincadeiras tradicionais. As crianças levam para o ambiente virtual características dos jogos presenciais, e vice-versa. Por isso é ilusório pensar que os jogos eletrônicos vão substituir os tradicionais porque as crianças têm a liberdade de transitar entre as duas possibilidades de diversão e emprestar elementos de uma para outra”.

Como exemplo, o pesquisador cita o famoso jogo pac-man, clássico do console Atari, da década de 1980, que ganhou nova roupagem em tempos atuais e está disponível em muitos sites de games online. A idéia central do jogo é a de um boneco que precisa se alimentar de alguns pontos de luz enquanto é perseguido, dentro de um labirinto, por fantasmas que não podem alcançá-lo. Assim que todos os pontos forem “comidos”, uma nova etapa, mais difícil, começa. Segundo Viana, “o pac-man é a representação de um jogo muito antigo que ainda é experimentado por crianças nos dias de hoje, o pega-pega. Essa brincadeira é uma forma da criança lidar com aspectos do seu imaginário, a necessidade de desafiar a si e se sentir capaz de ultrapassar esse desafio. É o mito do herói, a possibilidade de correr e pegar alguém ou de fugir e não ser pego. Com isso, a criança desenvolve a auto-confiança e a capacidade de enfrentar os desafios ou de fugir deles, além do desenvolvimento do raciocínio lógico, da percepção do espaço, do tempo e da velocidade”. A diferença entre os jogos virtuais e os presenciais está somente nos recursos, mas a lógica é a mesma. Por recursos entende-se a presença de som e de imagem eletrônicos. Um dos exemplos é o jogo da Barbie, muito procurado por crianças no ambiente virtual. Na brincadeira, a personagem, depois de vestida pelas jogadoras, pode desfilar por uma passarela virtual. A mesma criança que adora jogar Barbie no computador também fantasia e cria a sua “passarela imaginária” se tiver em mãos a boneca vendida em lojas de todo o mundo.

Outro jogo que pode transitar entre os mundos real e virtual é o xadrez. O relato de um bom exemplo de utilização do jogo na escola está presente no volume 2 da Coleção EducaRede – Internet na escola. A aula era de História, e o professor Claudemir Viana precisava falar sobre a Idade Média com seus alunos, com idades entre 10 e 12 anos, de uma maneira não-convencional. O jogo utilizado para ensinar esse período da História foi o Battle Chess Enhanced, um xadrez multimídia. Mas qual é a relação entre o xadrez e a Idade Média? No jogo, estão representados os principais personagens da sociedade européia da chamada “Alta Idade Média”, como o rei, a rainha, o bispo, o cavaleiro, o servo (peão) e a torre, com as suas relações por meio das posições das peças no tabuleiro e seus movimentos. Tendo as peças como mote, o professor viajava no tempo com seus alunos e detalhava, por exemplo, as vestimentas que cada um dos representados usava à época. A cada aula com o game, os alunos recebiam novas informações. A presença dos recursos de som e imagem quando uma peça lutava e eliminava a outra do tabuleiro virtual dava uma idéia mais clara aos alunos sobre a relação de poder dos personagens sociais daquela época. O envolvimento das crianças foi imediato. Elas narravam suas vitórias e derrotas, estratégias e ações, fantasias e razões, ampliando seus conhecimentos sobre a Idade Média e buscando novas informações.
Mas não é só pela tela do computador que o xadrez ensina. E não é só História. Ana Dandara de Miranda, aluna da 7ª série da EMEF Carlos Pasquale, no Itaim Paulista, em São Paulo, faz aula de xadrez na escola como atividade extra. A estudante joga da forma tradicional, sem a presença dos computadores e diz aprender bastante: “O xadrez fez que com que eu melhorasse nas aulas de matemática porque ele treina o meu raciocínio e a minha lógica”. A escola exibe, orgulhosa, alguns troféus conquistados pelos seus alunos. Entre eles, de campeonatos de xadrez entre alunos de várias instituições de ensino.

Narciso*, que prefere os jogos virtuais aos tradicionais, explica o papel do videogame e do RPG no seu processo de aprendizagem: “Os jogos de videogame e os de RPG me ajudam, desenvolvendo minha capacidade de pensar coisas rápidas, melhoram o meu raciocínio, porque o tempo todo eu tenho que ficar pensando em soluções para os problemas que aparecem. Além disso, a história dos games e filmes que assisto me ajudam a pensar em elementos para escrever meus roteiros”. Caótico*, codinome adotado por outro jogador inveterado, acrescenta: “Videogame é, acima de tudo, o contato com o lúdico. A gente desenvolve o pensamento lógico e a inteligência. No computador, você está interagindo com uma mente digital que oferece algum desafio e, às vezes, é bastante inteligente. Tem esse contato com o lúdico e tem o desenvolvimento da inteligência”.

Games e violência

Lynn Alves, doutora em Educação e Comunicação da Universidade Federal da Bahia, em seu livro Game Over: Jogos Eletrônicos e Violência, analisa o tema ao apresentar o relato de quatro jovens que jogam games eletrônicos diariamente, muitos com cenas e situações violentas. A autora apontou, a partir das falas dos jogadores, uma idéia dos games como um espaço de ressignificação e de catarse. Os entrevistados defenderam o argumento de que a “interação com esses suportes tecnológicos tem uma ação terapêutica, na medida em que o jogador pode extravasar suas energias e emoções reprimidas, desviando, assim, esses sentimentos de seu semelhante”. Os jovens, em momento algum, fizeram a transposição do universo ficcional dos jogos para o seu cotidiano e pontuam que aqueles que o fazem apresentam algum distúrbio psíquico. O jovem Caótico* que, assim como Conan*, adotou um codinome e foi entrevistado para a elaboração do livro de Lynn Alves, diz em relação aos videogames: “Uma criança que tem uma cultura que pode levá-la a cometer um assassinato pode ter seu destino alterado se conhecer os jogos eletrônicos. Ela já matou tudo que tinha que matar no jogo.”

O professor Claudemir Viana, que pesquisou um universo de trinta crianças, entre 9 e 11 anos, a partir da utilização de jogos eletrônicos gratuitos disponíveis na Internet, concorda e acrescenta: ” A violência não é um processo essencialmente externo ao ser humano. Todos nós, quando crianças, passamos por um processo de aprendizagem para lidar com o instinto violento que carregamos e também com a violência externa que sofremos. Isso supera o senso comum de que a criança é um ser puro, que só vem ao mundo para o bem e que é desvirtuada pelo contexto do mal, que só existe fora dela. Brincar é uma forma de a criança experimentar esses instintos. Por exemplo, quando os meninos simulam uma briga, eles passam por um processo inconsciente de aprender a lidar com a violência dele para com o outro e a recepção do instinto violento do outro para com ele. Os jogos, nesse contexto, prestam um serviço ao aliviar esses sentimentos, mesmo os jogos considerados pelos adultos como violentos”.

Quando se trata de violência, o ponto importante para o pesquisador está no “cuidado que a família deve ter quando lida com o instinto que toda criança carrega. A relação com os jogos pode se tornar perigosa quando o convívio familiar e social é problemático, com uma série de sofrimentos para a criança e sem espaço para o diálogo dentro de casa. O problema é a criança sentir-se isolada e, a partir disso, eleger o videogame, por exemplo, como o maior companheiro que ela tem. Os jogos podem ser perigosos se a família não dá atenção para esse problema e fecha os olhos para o fato da criança passar 4, 6 ou 8 horas por dia em frente à tela da TV ou do computador. Os games podem ser grandes aliados se os companheiros das crianças e adolescentes, os seus familiares, estiverem sempre presentes.

* Os relatos dos jogadores foram retirados do livro “Game Over: Jogos Eletrônicos e Violência”, de Lynn Alves, doutora em Educação e Comunicação da Universidade Federal da Bahia.

 

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

 

 

Geração interativa em debate

Geração interativa em debate

Especialistas discutiram a relação dos jovens com as telas digitais em evento promovido pelo EducaRede

Por Adriana Vieira e José Alves (Podcast)

 

O debate Gerações Interativas – uso responsável das telas digitais (Internet, celular, videogame e TV), realizado no último dia 30, reuniu especialistas na área de educação para discutir como educar crianças e adolescentes em uma cultura na qual as relações humanas são cada vez mais mediadas pelas tecnologias. Promovido pelo Programa EducaRede, o evento aconteceu na sede da Telefônica, em São Paulo, e foi transmitido ao vivo pela Internet (clique aqui para assistir à gravação do debate na íntegra).

“Os professores não podem renunciar à responsabilidade de saber usar a tecnologia. Isso significa comprometer o futuro dos alunos”, disse a debatedora Charo Sadaba, pesquisadora da Universidade de Navarra (Espanha) e coordenadora da pesquisa A Geração Interativa na Ibero-América – Crianças e Adolescentes diante das Telas.

Na ocasião, ela explicou o estudo realizado com cerca de 80 mil alunos de sete países, entre eles o Brasil, que teve como principal contribuição a criação de uma ferramenta para diagnosticar/medir nas escolas a relação dos alunos com as telas digitais. A pesquisa faz parte do projeto Gerações Interativas, que mantém o site Foro Generaciones Interactivas.

Além da pesquisadora espanhola, o debate teve mediação de Sérgio Mindlin, diretor–presidente da Fundação Telefônica, e a participação de Rodrigo Nejm, representante da SaferNet; Âmbar de Barros, jornalista e diretora do Núcleo Infanto-Juvenil da TV Cultura, e Claudemir Viana, coordenador da Comunidade Virtual Minha Terra, do Programa EducaRede. A plateia e os internautas também participaram do debate, que ainda contou com a presença de um grupo de alunos da escola estadual Simon Bolivar, de Diadema (SP). Os estudantes cobriram o evento e vão publicar uma reportagem coletiva no blog da escola (ouça a entrevista com alunos, abaixo).

Para Nejm, a geração interativa se relaciona de uma forma diferente com o mundo: “É uma mudança cognitiva que precisa ser levada em conta”. E completou: “Antes de mergulhar na compreensão da tecnologia, educadores precisam entender essa mudança da relação dos jovens com o mundo e com a educação”. O representante da SaferNet – instituição que combate o uso indevido da Internet para a prática de crimes e violações dos Direitos Humanos – ressaltou também a importância de pais e educadores compreenderem a Internet como um espaço público, que reflete o que a sociedade produz, e portanto oferece os mesmos riscos. “Todo pai ensina que seu filho não deve aceitar bala de estranhos. Agora, temos que ensinar cibercidadania”, exemplificou.

Claudemir Viana destacou que as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) colocaram em xeque um modelo de educação que já era falho, e por isso é fundamental a formação continuada dos professores. “Ele era o centro do processo de ensino e aprendizagem, com a função de transmitir informações a seus alunos, que por sua vez tinham o papel de apenas absorvê-las e reproduzi-las. Hoje, com o acesso facilitado às informações, o papel do professor é provocar situações positivas para a construção do conhecimento, considerando a cultura midiática e os interesses dos estudantes.”

Segundo Viana, as telas digitais devem ser utilizadas sempre com uma proposta pedagógica na escola. Ele exemplificou com atividades do projeto Minha Terra, do EducaRede, como o desafio do Twitter (ferramenta de microblog), por meio do qual os alunos são motivados a formar grupos voltados para a pesquisa do tema que pesquisam no projeto. Nesses grupoas, eles podem trocar informações, sugestões de fontes e formar novas redes sociais. “É uma inovação mundial o uso do Twitter articulado a um projeto pedagógico”, concluiu.

Âmbar, uma das precursoras do debate sobre uso responsável da TV no Brasil, ressaltou o desafio posto pelas tecnologias: “Somos obrigados a trabalhar com uma ferramenta que nossos filhos/alunos manejam melhor”.  E ressaltou a enorme responsabilidade de pais e educadores na transmissão de valores para essa geração digital e, acima de tudo, de formar essas crianças e adolescentes para “serem capazes de pensar por conta própria, o que é muito mais difícil do que formar repetidores. Como vamos fazer isso, e fazer isso rapidamente? Talvez com o uso das novas tecnologias a gente consiga acelerar esse processo de formar e educar esse cidadão”, disse.

O evento foi finalizado com a apresentação da campanha da TV Cultura sobre Internet segura, que será lançada ainda este ano. Dirigida a crianças, jovens, pais e professores, a ação envolverá anúncios para mídia impressa, comercial de TV, banners para Web, spots para rádio e um portal que reunirá materiais e informações sobre o tema disponíveis na rede.

 

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

 

World Wide Web faz 20 anos e o mundo inteiro está convidado para a festa

World Wide Web faz 20 anos e o mundo inteiro está convidado para a festa

Por José Alves

“Uma idéia vaga, mas altamente interessante”, essa foi a resposta por escrito que Tim Berners–Lee recebeu de seu chefe no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear), Mike Sendall, ao apresentar, numa sexta–feira, 13 de março de 1989, o documento “Information Management: A Proposal” (gerenciamento de informação: uma proposta), em que descrevia o seu projeto elaborado em parceria com Robert Cailliau: um conjunto de documentos de hipertexto interligados e acessíveis pela Internet.
Hoje, a “idéia vaga” mantém conectadas 1,5 bilhão de pessoas e hospeda 215 milhões de sites pelo mundo afora, segundo dados da Netcraft em fevereiro de 2009. Vinte anos depois, o papel com a resposta de Sendall a Berners–Lee encontra-se exposto numa vitrine do CERN como se fosse uma certidão de nascimento da World Wide Web. Os inventores da WWW já imaginavam no que a proposta poderia se tornar? “Sim, senão não a teríamos chamado de World Wide Web (rede mundial) antes mesmo de ter qualquer código em funcionamento”, disse Robert Cailliau em entrevista à Folha de São Paulo.

World Wide Web e Internet

É muito importante esclarecer que World Wide Web e Internet não são a mesma coisa, mas complementares. A Internet é um sistema global de comunicação de dados que nasce no auge da Guerra Fria, no final da década de cinquenta, por meio do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que concebeu a ARPA – Advanced Research Projects Agency, para liderar as pesquisas de ciência e tecnologia aplicáveis às forças armadas. Com o objetivo de desenvolver projetos em conjunto, sem o inconveniente da distância física nem o risco de se perder dados e informações de uma base destruída em caso de combate, foi criada a ARPANET – ARPAnetwork, ampliada nos anos seguintes com novos pontos em todo os Estados Unidos, além de incluir também as universidades.

Já a World Wide Web, responsável direta pela democratização do acesso à Internet, é um dos serviços que o sistema global de comunicação de dados possui, com páginas interligadas, que combinam texto, imagem, áudio e vídeo. Pode-se dizer que a WWW lincou com o mundo uma forma de comunicação que era restrita às universidades e às forças armadas, possível a partir do momento que o CERN abriu a web ao público e renunciou ao pagamento de licenças ou a um patenteamento da invenção de Berners-Lee e Cailliau. Se os pesquisadores tivessem pedido altas taxas de licença de uso, provavelmente a World Wide Web e a Internet não teriam se tornado o sucesso que são hoje.

As ferramentas necessárias para o funcionamento da rede, o protocolo HTTP (HyperText Transfer Protocol), a linguagem HTML (HyperText Markup Language), o primeiro software de servidor HTTP, o primeiro navegador (chamado WorldWideWeb) e as primeiras páginas, ainda rústicas, de textos e links que explicavam o funcionamento da própria WWW foram desenvolvidas por Berners-Lee em 1990.

Em 1993 surgia a versão 1.0 do navegador Mosaic, criado pelo estudante de computação norte-americano Marc Andreessen. O programa inovou por ser totalmente gráfico, tornando a navegação na rede mais amigável e acessível. Em 1994, o Mosaic virou software comercial e foi rebatizado como Netscape Navigator. Anos mais tarde, o Internet Explorer, da Microsoft, tornou-se o principal navegador da rede. Hoje, além dos navegadores desenvolvidos comercialmente, existem aqueles projetados para serem usados gratuitamente, como o Mozilla Firefox.

Na esteira da popularização da web, surgiram os sites que organizavam e tornavam possíveis as consultas às informações disponíveis na rede, como o Yahoo! e o Altavista, mais tarde engolidos pelo Google. Na década de 90, no Brasil, o buscador Cadê? também esteve presente na vida dos internautas.

Web 1.0, 2.0 e as redes sociais dentro da rede

A intenção original dos criadores da web era a interação e a colaboração. A definição dos termos no ambiente virtual ainda não existia, mas a idéia já rondava as cabeças de Berners–Lee e Cailliau. Isso significaria que os usuários passariam a ser produtores e socializadores de conteúdos ao invés de meros receptores de informação. Mais uma vez eles estavam certos. O que se vê hoje é a disseminação de ferramentas que possibilitam a produção, colaboração e troca de experiências no mundo virtual. É o que chamamos de web 2.0,  jargão criado pelo editor norte-americano Tim O’Reilly. Alguns exemplos que fortalecem esse conceito são os blogs, as comunidades virtuais de aprendizagem e a enciclopédia colaborativa wikipédia, entre outros; além das grandes vedetes, principalmente para os jovens, adolescentes e crianças, que são as redes sociais, como o Facebook, Orkut e o Youtube.
Sérgio Amadeu, um dos mais respeitados pesquisadores brasileiros de Comunicação Mediada por Computador e da Teoria da Propriedade dos Bens Imateriais, e diretor de conteúdos da Campus Party Brasil, diz que as redes sociais lideram a web, ou seja, compõem o grupo de sites mais acessados da rede. Amadeu afirma que “esse fenômeno acontece porque uma parte considerável dos internautas não se contentam em somente navegar pelo ciberespaço, querem participar, opinar, criar, recombinar, construir e compartilhar novos conteúdos. Por isso, o Youtube tornou-se o terceiro site mais visitado, ficando atrás apenas dos mecanismos de busca Google e Yahoo!”.

Em relação à proibição ao acesso a essas redes nas escolas e telecentros, o pesquisador diz: “uma das piores coisas que vejo ocorrer em uma escola ou telecentro é a proibição do uso livre pelos jovens. Absurdo! A proibição do uso de redes sociais, por exemplo, não garante o interesse do jovem para algo que seja considerado mais culto ou apropriado. Será disputando a atenção do jovem a partir de inúmeras aplicações inovadoras e sites interessantes é que vamos ampliar a bagagem cultural dos jovens”.

Amadeu termina com um resumo sobre a evolução na relação do internauta com a rede mundial: “A chamada web 1.0 foi a primeira fase do modo gráfico da Internet, onde os sites exploravam timidamente a interatividade e toda a lógica de navegação ainda era baseada na competição e no bloqueio do acesso. Com a web 2.0, a colaboração e a livre distribuição de conteúdos mostrou-se mais eficiente do que simplesmente competir”.

Web 3.0 e o futuro da rede mundial de computadores

Ao prever o que será da WWW, Berners–Lee afirmou que “a web é uma tela em branco, as pessoas estão sempre inventando coisas novas e maravilhosas que não poderíamos imaginar”. É verdade, ter exatidão em relação ao que surgirá é praticamente impossível, mas a tendência, segundo Sérgio Amadeu, é a evolução na forma do internauta interagir com o mundo virtual, a chamada web 3.0, que tende a ser a continuidade dos avanços colaborativos que por sua vez desembocará na Web Semântica. Com ela, os mecanismos de busca e a estruturação dos servicos na rede serão mais rápidos e mais eficientes.

Além disso, possivelmente haverá um crescimento de aplicações para celulares e tecnologias móveis. Outras projeções de Amadeu são a crise no ensino formal, se levarmos em consideração a estrutura em que está baseada a Educação oficial, e a expansão da banda larga, com a conseqüente melhoria das tecnologias de conexão, que apontaria para a web 3D, abrindo assim caminho para o avanço da estética dos games e sua transposição para diversas outras áreas. Quem viver, verá!

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)