Tomates, porcos e seres humanos
Disciplina: Língua Portuguesa/Literatura Ciclo: Ensino Médio Onde encontrar: http://www.portacurtas.com.br A força do curta-metragem “Ilha das Flores” (1989), além, evidentemente, do tema humano e social, reside numa estratégia argumentativa que seduz e engana o telespectador, que não consegue perceber o tema verdadeiro do filme, só revelado pelo diretor, Jorge Furtado, nos instantes finais, depois de vertiginosa sucessão de imagens. A sugestão de aplicabilidade agora desenvolvida pretende ilustrar possibilidades outras além das tradicionais que o filme suscita e abrange áreas da linguagem e leitura de texto verbal e visual. Narrado numa linguagem de documentário, o filme pretende um tom de neutralidade. É exatamente esse tom asséptico e pretensamente didático que é responsável por desencadear a carga emotiva do filme, já que entra em contradição com as imagens, gerando uma constante quebra de expectativa. Sugestões de atividade:
Ao final, buscar as diferenças e semelhanças entre tomates, porcos e seres humanos, resgatando as respostas iniciais e confrontando-as.
Solicitar, também, que sejam identificados os questionamentos que estão por trás da trajetória do tomate, do momento em que é plantado até chegar ao lixo.
É interessante notar que há um discurso pretensamente científico, que se caracterizaria como argumento de “autoridade”; a cada novo elemento do filme, o narrador emite um conceito que, embora correto, apresenta uma visão inusitada, estranha, diferente do tradicional. Clique aqui e veja alguns exemplos. Entre as estratégias argumentativas usadas com a finalidade de convencer, temos a argumentação pelo absurdo, que se revela na contradição entre texto narrado e imagem, pela ironia desvendada nessa relação. Assim, ao final do percurso narrativo-argumentativo, Jorge Furtado conclui sua história: “O que coloca os (os seres humanos) abaixo dos porcos é o fato de não terem dinheiro nem dono.” E encerra acrescentando um dado à definição de ser humano: “o ser humano se diferencia dos outros animais pelo telencéfalo altamente desenvolvido, pelo polegar opositor e por ser livre“. Recorrendo à definição do dicionário: “Livre é o estado daquele que tem liberdade”. Para completar com Cecília Meirelles: “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda“. Na tela, o que vemos é a miséria e sofrimento de seres humanos, que vivem em condições piores que porcos. Este texto foi adaptado do original publicado no Porta Curtas. Para acessar o texto original, clique aqui |
Texto Original: Maria Salete Prado Soares Edição: EducaRede |
(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)