Os dicionários em “Uma palavra puxa a outra”

Os dicionários em “Uma palavra puxa a outra”

Disciplina:

Língua Inglesa

Ciclo: Ensino Médio
Assunto: Dicionários, vocabulário, associação de palavras, sinônimos
Tipo: Jogos

Onde encontrar: Bibliotecas de escolas de línguas (Cultura Inglesa, União Cultural Brasil–Estados Unidos, Associação Alumini), livrarias

O hábito de leitura é muito importante na educação do aluno porque pode ampliar a visão de mundo, aprimorar a compreensão da língua e melhorar a produção escrita. Nessa medida, estariam os dicionários, esses calhamaços de folhas finas e letras pequeninas que afugentam os aprendizes, incluídos nesse hábito de leitura essencial?

Muitos escritores acreditam que sim. O mestre Monteiro Lobato confessa, em sua formação: “Parei com os contos e segui com o Aulete. Dá-me mais prazer isto, além das vantagens que traz – prazer pitoresco, variado como o de um general que assistisse ao desfile de 70 mil homens não uniformizados, cada um vestido dum jeito e lá com sua cara diferente. Outra vantagem está sendo a retificação de muitas palavras que eu pensava que eram uma coisa e são outra; e também já cavei 24 vocábulos que eu pronunciava erradamente. São 24 ‘batatas’ de que fico liberto. Estou no M.”

Parece, de fato, muito bizarra e incomum essa prática do escritor paulista de se dedicar à leitura do Dicionário Caudas Aulete, porque desde cedo aprendemos que os dicionários são apenas livros de consulta. Lobato nos ensina que eles são uma poderosa fonte de conhecimento de uma língua. De sua aparente forma estática e limitada – uma lista uniforme e volumosa de termos –, revela-se dinâmico, variável e infinito. Ao abrir um dicionário, descobrimos não só o significado de uma palavra, mas também seu encantado mundo.

Para desvendar esse mundo das palavras há, em inglês, o famoso thesaurus: dicionário de palavras e frases agrupadas de acordo com as semelhanças de seus significados. Por isso, nesta dica, propomos um jogo de dicionário analógico, cujo objetivo é ensinar ao aluno a transformar os dicionários em aliados indispensáveis em seu processo de aprendizagem.


Procedimento
:

O professor entrega a um aluno sentado na primeira fileira um papel dobrado com uma palavra nele escrita, digamos: “game”. Pede a ele que escreva, em silêncio, num outro papel, uma palavra em inglês que lhe venha à cabeça em associação à palavra “game”. O aluno conserva para si o primeiro papel e entrega ao aluno seguinte a palavra que escreveu, por exemplo: “play”. Este aluno faz o mesmo e assim sucessivamente até chegar ao último aluno da classe, que escreve a palavra em silêncio, como todos os outros, e a lê em voz alta para todo o grupo.

Nesse momento, o professor revela a todos a palavra inicial que desencadeou o jogo de “uma palavra puxa a outra”. O resultado é sempre surpreendente, pois na maioria das vezes a palavra final costuma não ter nada a ver com a primeira. Pode sair algo tão desconexo como “airport”.

Aqui, é preciso recuperar o percurso traçado pela primeira palavra para demonstrar que a desconexão entre o primeiro e o último termo é apenas aparente. Ambos mantêm uma relação analógica dentro da cadeia estabelecida – as diversas palavras que unem uma ponta à outra:  “game –>  play –>  happy –>  girl –>  boy –> family –> holiday –> trip –> airport”. Trata-se apenas de um exemplo para ilustrar a situação.

O professor expõe à classe todas as palavras na ordem por elas percorrida. Discute com os alunos o significado delas, comenta as associações propostas e incentiva os alunos a fazer outras, mostrando com isso que as associações entre as palavras são infinitas:
game –>  tennis –>  running –>  marathon –>  feet –>  body –> spirit –> religion –> church
é mais um exemplo dentre os milhares de outros possíveis.

Para concluir, o professor apresenta aos alunos a definição de “game” dada por um dicionário de sinônimos em inglês. Para isso, utilize o Roget’s Thesaurus, disponível em rede. Comente com eles as diferenças encontradas.

As analogias provenientes do jogo proposto em aula seguem a lógica da livre associação (são do domínio da criação), e aquelas consignadas no dicionário respeitam a lógica do sistema e da norma da língua.

Moral da história: os dicionários são nossos bons e velhos amigos. Os nossos grilos falantes. Podemos jogar e brincar com as palavras, associá-las livremente, desde que tenhamos consciência da norma que as rege.

Incentive seus alunos a usar os dicionários e a não cederem à preguiça de abri-los para resolver uma dúvida. Ela pode ser fatal. Proponha ao aluno imaginar-se em um país estrangeiro pedindo uma informação, com um diálogo assim:

Excuse me, I am a stranger” –> Desculpe, eu sou um estranho!”

O fiel amigo dicionário ensinará que, em inglês, “estrangeiro” não é “stranger”, como se poderia supor, mas, sim, “foreigner”. “Stranger” é um falso cognato. Mas isso é assunto para outra dica.

Referência:
Roget’s II: The New Thesaurus, Third Edition, 1995. 

O site indicado neste texto foi visitado em 25/09/2003

Texto Original: Lilian Escorel

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

 

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