O movimento relativo no filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”
Disciplina:
Física
Ciclo: Ensino Médio
Assunto: Movimento relativo e referencial
Tipo: Filme
Uma das características do trabalho do diretor de cinema Stanley Kubrick, que dirigiu o filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”, de 1968, é sua extrema preocupação em fazer as cenas das naves espaciais respeitando as leis da Física. No filme, quando os personagens estão fora das naves, no espaço sideral, em local onde não há atmosfera, as cenas são sempre silenciosas, isto porque, se não há ar, não existe som.
Essas e muitas outras discussões podem ser desencadeadas com alunos de Ensino Médio, a partir de cenas desse filme. Uma dessas discussões diz respeito à forma como o diretor se preocupou em ser “fisicamente correto” quando da filmagem das cenas que mostram as manobras de uma nave espacial ao estacionar em uma estação orbital que se move em torno da Terra.
Para facilitar os trabalhos, utilizemos o contador de tempo do aparelho de vídeo, zerando-o no instante em que surge o título da primeira cena “The Dawn of Man” (“A Alvorada do Homem”), quando o filme se inicia. Com essa contagem de tempo, a cena que vamos estudar começa quando o tempo do filme está em 16min20s. Essa cena mostra uma nave que saiu da superfície da Terra e está fazendo uma manobra para estacionar em uma estação orbital. A seqüência se inicia logo após uma “espaço-moça” colocar uma caneta no bolso de um passageiro. As cenas mostradas são as seguintes (a descrição corresponde ao que se vê na tela):
- Estação orbital e nave de transporte vistas de uma câmera no espaço exterior.
- Estação orbital girando, a nave aparece na parte de baixo da cena aproximando-se da estação. Câmera ainda no espaço exterior.
- Vista da estação com a câmera dentro da nave.
- Vista do painel de controle da nave, mostrando a porta de entrada da estação orbital. A câmera está no interior da nave.
- Vista do céu com a câmera na porta da estação orbital. A nave aparece inicialmente em rotação com relação à estação e vai se alinhando com a porta desta até ficar na posição correta para entrar.
- Vista com a câmera no espaço exterior mostrando a estação e a nave, ambas girando na mesma velocidade.
- Vista da nave com a câmera no interior da estação, compatível com a cena anterior. Não há rotação da nave com relação à estação orbital. Porém, todo o céu ao fundo está girando.
- Novamente a câmera no espaço exterior. Vemos a nave e a estação, ambas girando.Nessa seqüência vemos como a manobra para a entrada da nave tem por referência o movimento de rotação da estação orbital. Considerando o fundo de estrelas, a nave e a estação orbital precisam girar com a mesma velocidade. Dessa forma, a estação fica em repouso em relação à nave. Somente assim, a nave pode penetrar a porta da estação e estacionar em seu interior.
O desafio para os alunos consiste em pedir que eles assistam várias vezes a esse trecho do filme e façam a descrição da seqüência, numerando as cenas de 1 a 8, como foi feito acima. Em seguida, eles devem explicar onde se encontra a câmera em cada cena (na estação orbital, na nave, ou no espaço exterior) e por que os movimentos observados estão compatíveis com o que se espera fisicamente, pensando nos movimentos relativos dos dois corpos e considerando o pano de fundo das estrelas como referencial.
Para que a atividade seja desenvolvida, é importante que os alunos assistam à cena várias vezes, até compreenderem o que está ocorrendo em cada movimento mostrado na seqüência. O desafio de descrever a cena é importante para que os alunos desenvolvam seus argumentos em relação ao que se observa na tela (ou na TV), a cada momento, em toda a manobra de estacionamento.
Uma discussão muito interessante também é sobre a forma como o diretor, em 1968, ano do lançamento do filme, conseguiu fazer essas e outras cenas. Isso porque naquela época não havia os truques eletrônicos de filmagem, feitos em computação gráfica, técnica que só começou a ser utilizada nos anos 1980.
Para saber mais sobre o filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”, clique aqui.
Há muitas páginas na Internet que tratam desse filme, e algumas delas mostram os recursos tecnológicos utilizados pelo diretor para fazer várias cenas do filme.
Texto original: Vinicius Ítalo Signorelli
Edição: Equipe EducaRede
Os sites indicados neste texto foram visitados em 18/06/2003
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