Leia na minha camisa “Baby, I love you”

Leia na minha camisa “Baby, I love you”

Disciplina:

Língua Inglesa

Ciclo: Ensino Médio
Assunto: Tradução, MPB, cultura brasileira e cultura anglo-americana
Tipo: Músicas

Onde encontrar: Lojas de disco, discotecas de centros culturais

Escutar e apreciar Música Popular Brasileira pode ser uma boa maneira de aprender e ensinar Inglês. O Tropicalismo, no fim dos anos 60, foi um movimento que voltou o olhar do brasileiro para as coisas da terra e flagrou ao mesmo tempo a imponente presença da cultura anglo-americana no seu dia-a-dia. Tropicália, título da música e do disco que inaugura o movimento, representa com perspicácia os contrastes que o país então exibia.

Descobria-se o Brasil profundo e um outro que dialogava com o mundo. Acolhiam-se a “Bossa e a palhoça”, “a Bahia e iá-iá”, “Iracema e Ipanema”, “a Banda e Carmen Miranda”, Roberto Carlos e João Gilberto, os Beatles, Rolling Stones, Dylan, The Doors, Dadá (tanto o movimento de vanguarda quanto a famosa companheira do cangaceiro Corisco)…

Nesse caldeirão de cultura em que o país se achava imerso, compôs-se a música “Baby”, que Maria Bethânia encomendara ao irmão Caetano Veloso. A intérprete brasileira queria que a canção fizesse referência a uma frase que corria impressa nas camisetas: “I love you”.

Segundo o compositor baiano, Bethânia “dizia mesmo que a canção tinha que terminar dizendo: ‘Leia na minha camisa, baby, I love you’. Era um modo de comentar, com amor e humor, a presença de expressões inglesas nas canções ouvidas – e nas roupas usadas – pelas pessoas comuns”. (Veloso, 1997: 273)

Tal como sugerido, o professor apresenta a história da canção que o país inteiro conheceu pela voz de Gal Costa. Em seguida, coloca a música para uma primeira escuta e apreensão do conteúdo da letra. E após discutir com o grupo o seu sentido, o professor pode propor a seguinte tarefa: verter a canção para o inglês.

O professor deve antecipar aos alunos que depois da árdua atividade, eles poderão contrastar seus resultados com a versão inglesa gravada em 1970 pela banda, também tropicalista, Os Mutantes.

Procedimento:

Divide-se a classe em cinco grupos para que cada um deles traduza uma das cinco estrofes da canção. Para isso são necessários dicionários bilíngües (português-inglês e inglês-português) e monolíngües (inglês-inglês e português-português).
O professor deverá orientar os alunos quanto ao uso adequado dos dicionários. Espera-se que os tradutores-aprendizes não se limitem às acepções neles contidas. Não devem desprezar os próprios conhecimentos lingüísticos e culturais.

Ao concluírem suas respectivas versões, o professor deverá tocar a versão inglesa gravada pela banda paulista Os Mutantes.

Ao comparar as soluções apresentadas pelos alunos com aquelas elaboradas pelo grupo tropicalista, o professor poderá discutir os problemas de tradução que a canção apresentou em trechos complicados de rimas, referências culturais e expressões idiomáticas. Para isso, sugerimos algumas questões:

  • Por que a banda traduziu alguns trechos da canção livremente? Seria possível proceder da mesma forma com um documento ou texto técnico?
  • A versão das rimas “piscina / margarina / carolina / gasolina” por “new land / swimming pool and /your friend / my hand” é, na verdade, uma transcriação (termo cunhado pelos poetas e tradutores Augusto e Haroldo de Campos, que significa tradução + criação). Se a tradução fosse feita ao pé da letra (swimming pool / margerine / caroline / gasoline), quebraria a rima e o jogo nonsense que o compositor criou entre as quatro palavras. Utilize outros exemplos de transcriação na música dos Mutantes.
  • Na versão de “Ouvir aquela canção do Roberto” por “And hear the new sound of my Bossa Nova”, Os Mutantes fazem uma adaptação que se dirige a um público estrangeiro. De fato, a banda, numa turnê em Paris, foi convidada por uma produtora inglesa a gravar um álbum de músicas brasileiras em inglês, que seria lançado na Inglaterra e na França. Presume-se, com isso, que um ouvinte inglês ou francês teria mais chances de conhecer a Bossa Nova do que o cantor brasileiro Roberto [Carlos].Encontre outra situação na canção em que a banda procede do mesmo modo, isto é, fazendo adaptações ao público a que se dirige. Clique aqui para ver a resposta .

    Observação: O professor deve chamar a atenção dos alunos para possíveis equívocos que possam surgir desta atividade, isto porque eles podem presumir que Roberto Carlos tenha feito parte da Bossa Nossa, o que não é verdade.

  • Poderíamos verter “Não sei, comigo vai tudo azul” por “I know, with me everything is blue”, em vez de “with me everything is fine”, tal como fizeram Os Mutantes? Justifique sua resposta. Clique aqui para ver a resposta. Referência:
    Versão original da canção em Tropicália ou Panis et circencis. Philips (1968)
    Versão inglesa em Mutantes Tecniclor. Universal (1999)
    Para a versão brasileira também sugerimos a gravação de Gal Costa acústico. MTV/BMG (1997)

    Para aprofundar:
    VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
    CALADO, Carlos. “Uma Raridade dos Mutantes” e “Making of – Tecnicolor” neste site (textos 1 e 2 respectivamente)

    Texto original: Lilian Escorel
    Edição: Equipe EducaRede

    Os sites indicados neste texto foram visitados em 23/04/2003

(CC BY-NC Acervo Educarede Brasil)

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